Proteus, dons proféticos e reveladores do destino
Proteus era um deus marinho, um dos 3.000 filhos dos titãs Tétis e Oceano. Nascido em Palene, uma pequena cidade da Macedônia, ele teve dois filhos gigantes e cruéis: Tmolos e Telégono. Não conseguindo transmitir o sentimento de humanidade para seus filhos, Proteus pediu ajuda a Netuno.
O deus do mar aconselhou Proteus a abandonar sua cidade e ir com ele cuidar do grande rebanho de peixes e focas nas costas do Egito. Depois de algum tempo Netuno quis recompensá-lo por seu trabalho e concedeu-lhe o conhecimento do presente, do passado e do futuro.
Proteus passou a ser reverenciado por seus dons proféticos e reveladores do destino. Muitas pessoas passaram a procurá-lo desejando conhecer as artimanhas do destino, porém Proteus se mostrava arredio para revelar sobre os acontecimentos vindouros. Ele considerava que cada um poderia fazer seu próprio destino através de suas ações. Para se esquivar das pessoas, Proteus se metamorfoseava assumindo aparências monstruosas fazendo as pessoas fugirem assustadas.
Entretanto Proteus tinha duas filhas que conheciam seus segredos; uma delas era a ninfa Eidotéia. Quando Menelau, o rei de Esparta, tentava regressar para sua casa após a Guerra de Troia, ventos contrários levaram seu navio até as costas do Egito. Compadecida do rei, Eidoteia revelou a Menelau que bastaria surpreendê-lo durante o sono e amarrá-lo para que não escapasse e fazer-lhe as perguntas.
Seguindo as instruções de Eidoteia, Menelau e seus três companheiros de esconderam na gruta onde Proteus costumava descansar com seu rebanho após a refeição do meio-dia. Proteus chegou na gruta e tomou uma posição cômoda para dormir. Assim que ele fechou os olhos, Menelau e os seus companheiros se atiraram sobre ele e o apertaram fortemente entre os braços. Proteus se metamorfoseava em leão, árvore, dragão, javali e outros monstros, mas era inútil pois eles o apertavam com mais força.
Quando enfim esgotou todas as suas astúcias, Proteus voltou à forma ordinária e deu a Menelau os esclarecimentos que ele pedia. Apesar de ser capaz de prever as grandes tempestades e as dificuldades que Menelau iria encontrar durante sua viagem pelo mar, Proteus só poderia aconselhar. O resto dependeria apenas de Menelau...
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Na medicina o deus mitológico deu nome à Síndrome de Proteus, uma doença congênita extremamente rara que causa um desenvolvimento exagerado do cérebro, das mãos e dos pés, além de outras anomalias cranianas. A doença teria permanecido desconhecida se não fosse o caso de Joseph Merrick, o homem elefante.
Rejeitado por sua aparência e vivendo nas ruas, Joseph acabou sendo resgatado por um circo de aberrações. Em 1890 Joseph faleceu aos 22 anos devido ao crescimento anormal de seu cérebro. A síndrome recebeu o nome de Proteus devido à capacidade de transformar o ser humano em um monstro.
Entretanto, o mito de Proteus nos remete à reflexão sobre o comportamento humano nas diferentes situações da vida. Muitas vezes sabemos o que fazer, mas algumas vezes nos sentimos confusos e precisamos da orientação dos outros. O problema surge quando nos tornarmos dependentes da opinião alheia, sempre esperando que os outros tenham todas as respostas para os nossos problemas.
A excessiva dependência de orientação ou conselhos de outros não é algo saudável, pois pode revelar insegurança e até mesmo um transtorno de personalidade. Caracterizado pelo medo, carência, baixa autoestima, dificuldade para expressar as próprias vontades e necessidades, submissão às vontades dos outros e incapacidade de tomar decisões, esse transtorno pode incapacitar para o trabalho e causar prejuízos em várias situações da vida.
Ser extremamente dependente da orientação dos outros, significa sentir-se desamparado e precisar da proteção alheia. O problema se torna maior quando encontra alguém em quem possa apoiar, que pode levar à limitação da consciência de si mesmo para assimilar as crenças, gostos e sentimentos dos outros, como se fosse parte do outro. Quem age assim, age como se não tivesse vontade própria.
Geralmente a pessoa muito dependente se julga insuficiente, impotente e incapaz, deixando seu destino nas mãos dos outros. Por não acreditar em si mesma, em suas habilidades, virtudes e atrativos, falta-lhe ambição e motivação para desenvolver um trabalho rentável. Pelo medo da rejeição e pela necessidade de se sentir aceita pelos outros, tende a se mostrar excessivamente modesta, agradável, gentil e disponível para fazer algo para os outros.
Além de colocar-se sempre como um serviçal, a pessoa sofre de uma extrema carência de atenção, podendo recorrer à utilização de alguns esquemas. Uns optam por fazer repetidas queixas de sua vida. Reclamam das dificuldades de relacionamento afetivo ou social, da sua relação com os seus familiares, vizinhos e colegas ou problemas no trabalho. Outros se concentram na queixa de sintomas e doenças.
Nem sempre as queixas estão relacionadas com algum transtorno psicológico, mas serve como alerta para que reflitamos sobre o nosso comportamento. Alugar o ouvido dos outros com as nossas queixas não trará solução para os nossos problemas. Assim como Proteus, nem sempre as pessoas estão disponíveis para ouvir os problemas de outras ou dar conselhos. Importante é tentarmos analisar nossas questões e verificarmos se não estamos muito dependentes da opinião alheia...
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