Exorcismo: por que se pergunta ao diabo qual é o nome dele?
Uma impressionante e esclarecedora conversa com um sacerdote exorcista em Roma
Ope. César Truqui, nascido no México e hoje exorcista na diocese suíça de Chur, conversou com Aleteia sobre o tipo de mal que é enfrentado num exorcismo católico. Ele explicou que se trata de “um mal personificado, que não é a simples privação de um bem, descrita pela filosofia, mas um mal eficaz, operante. Falamos da presença de um ente mau. O que é esse ente mau só a fé pode dizer, não a ciência. A fé nos fala da existência de seres espirituais: os bons são os anjos, os maus são os demônios“.
Ele concorda que o entendimento do mal como uma entidade que se apossa fisicamente de alguém é difícil de ser aceito pela maioria das pessoas, pois não é um tipo comum de experiência. A partir dessa constatação, o pe. César conta como começou a sua própria experiência de presenciar e combater possessões demoníacas:
“Quando eu fui ordenado sacerdote, participei de um curso com sacerdotes exorcistas e aconteceu que um senhor francês, de 40 anos, foi possuído por Satanás. Precisava do exorcista, mas o pe. Bamonte não falava inglês nem francês. Então eles me pediram para ajudá-los (…) Durante a manifestação do diabo, eu tinha a impressão de estar envolto pela soberba, como se fosse fumaça ou neblina. É difícil de explicar, mas a soberba parecia algo que podia ser tocado; ela enchia a sala. O exorcista perguntou o nome dele e ele respondeu: ‘Sou rex’. Não existe um demônio chamado ‘rex’, rei. O exorcista insistiu: ‘Diga o seu nome’. E ele finalmente respondeu: ‘Eu sou Satanás, o príncipe deste mundo’“.
Mas por que se pergunta o nome?
O pe. César explica:
“O ritual exige isso por um objetivo preciso. Dar o nome a uma coisa ou saber o nome significa ter poder sobre essa coisa. Deus deu a Adão o poder de dar nome às coisas. No momento em que o diabo revela o seu nome, ele mostra que está enfraquecido. Se não diz, ele ainda está forte“.
O sacerdote comenta ainda que, de todas as pessoas que o procuraram em busca de exorcismo, pouquíssimas estavam de fato possuídas:
“Entre as pessoas que vêm até mim, eu distingo três casos: o verdadeiro possuído, o não possuído e o caso problemático. O primeiro e o último são os mais fáceis: você sabe que se trata de um verdadeiro possuído porque ele manifesta os quatro sinais [a aversão ao sagrado; falar línguas desconhecidas ou mortas; ter uma força extraordinária que vai além da natureza da pessoa; e o conhecimento de coisas ocultas] e porque, quando você faz as orações, a pessoa entra em transe e reage de um modo que o exorcista conhece. Poderia ser fingimento, mas é difícil.No segundo caso, com a experiência de sacerdote e confessor, você percebe quando há problemas espirituais ou psicológicos e pode descartar a influência diabólica.O problema é quando você encontra alguém que parece realmente possuído, mas não está, porque existem traumas profundos acompanhados de comportamentos de risco, tais como participar de sessões espíritas ou recorrer a cartomantes. Eu conheci uma moça que foi estuprada por um homem que se dizia ‘mago latino-americano’ e que tinha se apaixonado por ela. Um dia ele deu a ela um café com alguma droga e a violentou: ela estava consciente, mas não conseguia reagir. Esse trauma enorme a fez pensar na possessão diabólica por meio da droga ingerida e da violência sofrida. Eu pensei que ela estivesse mesmo possuída. Mas quando orei e lhe impus as mãos durante o exorcismo, ela nunca entrou em transe, nem havia traço de outros fenômenos. Então eu percebi que a causa era outra. É por isso que, nos cursos para exorcistas, abordamos quadros médicos e psiquiátricos que podem entrar em jogo nessas situações“.
A entrevista completa
Confira a entrevista completa concedida pelo pe. César a Aleteia neste artigo:
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